Wednesday, November 23, 2005

Conversas de MSN no nosso café

Uma conversa de café é como uma conversa de MSN. Mas o que o MSN, ou outros messengers afins, têm de bom é, entre outras coisas, podermos ter conversas paralelas como uma pessoa. Ou serão mais monólogos pararelos. Que persistem sem nunca se tocar.

Desde o "Olá" inicial até ao "Tchau" que fecha a conversa, cada um escreve e discorre sobre os mais variados temas. Conta a sua vida ou vida alheia. E o interlocutor faz o mesmo.
Conta as suas coisas lendo (ou não) a conversa do outro, mas falando sobre os seus próprios assuntos sem nunca abordar os temas mencionados pelo outro.

E é tão conveniente. Cada um dá largas ao seu ego-centrismo e é dono de todo o protagonismo, sem perturbar o do outro.

Quer dizer... bem vistas as coisas, é uma técnica muito conhecida, utilizada em qualquer conversa de café. Alías é muitíssimo utilizada e bem apurada por qualquer casal que se preze. Começa com o famoso "Então querida, como é que foi o teu dia?" e depois cada um conta as nossas coisinhas. E no fim sentem-se bem mais leve. "Então adeus, beijinho e até amanhã". E fica tudo bem.

Ainda assim há excepções, e aí o msn leva vantagem.
Em raras ocasiões, uma das conversas começa a interessar ao outro, e aí é necessário recorrer à técnica da conversa cruzada.
Cada um vai contado a sua coisa, tal como no método da conversa paralela clássica, mas a certa altura um dos intervenientes responde ao outro, continuando com o seu fluxo de conversa inicial. A partir daí criam-se dois ramos de conversas cruzadas que podem durar apenas uma ou duas frases, ou podem prolongar-se mais tempo.

Não é fácil. E para resultar em conversas de café tem que ser bem treinado. Temos que experimentar um dia.

Monday, November 14, 2005

Elas têm poderes sobre as nossas vidas...

Hoje rendi-me a um capricho de burguesia,"contratei" uma empregada de limpeza. Quando digo que elas têm poderes sobre as nossas vidas, não falo do poder que todas as mulheres têm sobre aquilo que pretendem, mas em especial o modo como as empregadas da limpeza querem organizar as nossas vidas.

No momento em que ela entrou na minha casa detectou pequenas coisas que eu nunca conseguiria ver, como por exemplo o saco das molas no chão, as migalhas de bolo na bancada, o pó atrás do sofá, a cama mal feita, já para não falar do ar de gozo a olhar para a minha decoração pós-moderna; no instante imediatamente a seguir começou a dizer o que teria de fazer e eu a imaginar todas aquelas pequenas grandes alterações na minha casa. Será que vou continuar a sentir-me em casa? Ou a casa onde moro vai passar a ter o toque da empregada da limpeza?

De qualquer maneira acho que vai ser bom para mim.

Na verdade..

... não tenho muito para dizer. Nem grande vontade de dizê-lo. Serei uma espécie de Cavaco Silva para aqueles que por aqui passam. No meu silêncio verão a certeza do rumo a seguir. Um piscar de olhos cúmplice que diz: "daqui a 5 anos terás a casa na Lapa, o Mercedes SLK e o lugar de administrador público que sempre mereceste". As pessoas irão tentar ler nas entrelinhas, sacrificando a sua vista e o seu sentido da realidade. Com o tempo contarão com a ajuda de fiéis comentadores, os célebres opinion-makers, que vos guiarão pelo labirinto do meu pensamento até à verdade absoluta. Tudo fará sentido nas entrelinhas e nos silêncios. Ah... serão grandes tempos esses!

Friday, November 11, 2005

Nuno

Nome que deriva. Geralmente não é associado. Pragmático e sensato nos sonhos, desdenha frequentemente os prazeres que a vida pode proporcionar. Tem um peugeot, amigos e uma tendência viciosa para o pseudointelectualismo tosco e para caracóis e imperial. Gosta de futebol, gémeas holandesas e arrotos ao desafio (o que não ajuda nada o pseudointelectualismo). Activista adormecido, crê profundamente que não vale a pena.

Fixemobil

Nome que deriva do inglês “fish” (peixe) e “mobil” (marca de óleo para automóvel). É geralmente associado a aversão ao trabalho, tendência viciosa para não trabalhar, negligência, indolência, inacção, mandriice. Mas não faz por mal.
Tem um blog sobre sandes de choco e mini.
É um gajo fixe. À sua maneira.

Alice

"Nome que deriva do germânico “adal” (nobre) e “haid” (estirpe). É geralmente inteligente e dona de uma imaginação fértil, muito embora a susceptibilidade a possa desequilibrar com facilidade. Pragamática e sensata no quotidiano, jamais desdenha os prazeres que a vida lhe possa proporcionar. "

Thursday, November 10, 2005

Uma Capa para me esconder

Antes de começar a minha História, tenho de me encontrar a mim.

Sou a Alice. Infelizmente não me encontro no País das Maravilhas, mas ando por aqui...
Tenho uma vida vulgar, "casa - trabalho, trabalho - casa", às vezes vou ao tal café que já se falou por aqui. Quando digo que tenho uma vida vulgar, não sei bem o que estou a dizer. O que é uma vida vulgar? Vou lançar esta pergunta aqui aos meus colegas de trabalho para ver o que me respondem. Obtive apenas uma resposta, outros fingiram não ouvir.

"Uma vida vulgar? É levantar às 7:30... ir levar os miúdos... entrar no trabalho às 9:00. Ao fim de semana ir passear para Belém ou então ir aos anos da Tia".
Segundo este ponto de vista talvez não tenha uma vida vulgar. Aqui neste novo espaço vou poder mostrar-me ou esconder-me, para que vocês (os leitores) me descubram.

Conversas I

- Era a conta?
- Era... já não é?
-....... (sorrisos qb)
- São 4 euros e 20.
- Quanto é cada imperial?
- 1 euro e meio.
- E o café?
- 60 cêntimos.
- ..... aaaa... só tenho 20 euros.
- Deixa, pago eu.

Entrefácio

Há uma nova estrela no céu da blogoesfera.

Quem melhor para apadrinhar este grandioso projecto do que um blogueador nacional de renome internacional, créditos firmados, e fortemente implantado no panorama de blogal português? Mas como o Pacheco Pereira não estava disponível, nem a Rititi, nem os Gatos Fedorentos, vou ter mesmo que ser eu a escrever esta treta de prefácio, até porque também vou participar no blog, e assim como assim até nem tinha nada que fazer agora. Posso não ser grande coisa, mas de qualquer forma niguém vai ler isto. Por isso, para quem é, sandes de choco basta.

É que isto nem é um prefácio. Porque parece que já houve aí um gajo a escrever antes de mim. Também não será posfácio, nem sequer epílogo ou prólogo. Será talvez um entrefácio, porque fica no meio.

E será este blog mais um espaço dedicado ao debate e troca de ideias? À cultura? À análise da situação política ou socio-económica do país? Obviamente a resposta não! Já não há pachorra para essas cenas. Nem a malta aqui percebe disso.

Este é um blog da vida real (gosto do tom disto. embora não queira dizer absolutamente nada. provavelmente porque não quer dizer mesmo nada).

Pessoas normais, amigos ou apenas conhecidos, vivem as suas vidas separadamente. Encontram-se de vez em quando para beber um café ou tomar um copo. Uma ou duas vezes por semana. Às vezes todos os dias. Quando calha.

Falam das suas vidas, dos seus empregos, das suas alegrias e dos seus problemas. Do que lhes vai na alma.
Mas será que eles realmente se ouvem uns aos outros? Será que conversam? Não serão apenas monólogos esquizofrénicos em que cada um fala para si, só para ter o prazer de se ouvir e ser o centro das atenções, ainda que por breves instantes?

Cada um, à vez, ordeiramente espera pela sua vez e, sem interromper o orador anterior, toma a palavra durante escassos momentos. Apenas para o protagonismo lhe ser retirado mal faça uma pausa, por breve que seja, no seu discurso.

Depois os silêncios constrangedores começam a ser cada vez mais longos.

Pois é. Cá estamos. Pá... tenho que ir andando. Então tchau. Até à próxima. A gente vê-se.

E separamo-nos até ao próximo encontro no café.

Wednesday, November 09, 2005

O contexto do texto

Toda a conversa precisa de contexto. O nosso será um café. Não necessariamente sempre o mesmo, apenas terá que parecer sempre o mesmo. Desenhado, construído e decorado a pensar em pessoas que não se importam com isso. A música confunde-se com as palavras e as pessoas com mesas e cadeiras. A bebida, imperial ou, em dia de ressaca, café. Terá duas "gajas boas" e um "homem giro", para o menino e para a menina. Estatisticamente este café seria média, mediana e moda. Só aí os amigos falam. Confortáveis? Comece a conversa.
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